quarta-feira, 11 de junho de 2008

Aumento de casos de dengue preocupa cardiologistas

Coração
Médicos temem que uso de anticoagulantes possa agravar dengue hemorrágica
Os riscos da dengue hemorrágica para o coração e especialmente para as pessoas que já sofrem de problemas cardíacos entraram, pela primeira vez, na pauta do 62º Congresso Brasileiro de Cardiologia, que começa nesta sexta-feira em São Paulo.

A maior preocupação dos cardiologistas diz respeito às pessoas que sofrem de problemas cardíacos e tomam medicamentos anticoagulantes e antiagregantes para controlá-los. Essas substâncias, que tornam o sangue “mais fino”, poderiam agravar a hemorragia causada pela doença.

“À medida que as pessoas vão ficando mais acometidas, entre elas há pessoas cardíacas que tomam anticoagulantes e que podem na vigência da dengue hemorrágica ter o vírus agravado”, afirma o diretor-científico do Congresso, Dário Sobral.

“Temos muito pacientes tomando aspirinas (ácido acetilsalicílico), pelo caráter preventivo, porque diminui o risco (de tromboses) para pessoas com doenças vasculares, e coronárias principalmente”, explica Sobral. “Mas no caso da dengue hemorrágica (a aspirina) pode agravar a hemorragia, e criar um quadro com muito mais risco, às vezes com risco de vida.”

Outro medicamento bastante usado por pacientes cardíacos que poderiam agravar a hemorragia é o clopidogrel, "três vezes mais forte do que a aspirina", segundo Sobral.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 438.949 casos de dengue nos sete primeiros meses deste ano, "o que representa aumento de 45,13% em relação ao mesmo período de 2006".

Sintomas

A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Os sintomas mais comuns, que costumam aparecer três dias após a picada, são febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos.

A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença porque além dos sintomas da dengue clássica, pode causar sangramento, e, em casos mais graves, levar à morte.

Segundo o diretor científico do Congresso, a recomendação de suspender anticoagulantes tem base empírica, mas o objetivo das discussões dos próximos dias é justamente estabelecer uma rotina para que os médicos saibam como orientar os seus pacientes em caso de suspeita de dengue.

“Agora não existe estabelecida uma rotina, quando deve iniciar (a suspensão de anticoagulantes), quando deve parar.”

Mais acostumados com a doença, os cardiologistas das regiões Norte e Nordeste já determinam a suspensão dos anticoagulantes quando há suspeita “clínica” de dengue, mas, segundo Sobral, a orientação nem sempre é seguida pelos seus colegas do Sul e do Sudeste, menos “familiarizados” com a doença.

O maior aumento dos casos ocorre justamente no Sudeste, especialmente em São Paulo, onde foram notificados mais de 60 mil casos apenas neste ano.

Para Sobral, a recomendação deve ser feita aos pacientes ainda na fase da suspeita clínica – sintomas como dor de cabeça acompanhada de febre – já que o diagnóstico laboratorial pode levar dez dias para sair.

Mesmo pessoas que não sofrem de problemas cardíacos deveriam, segundo ele, suspender os anticoagulantes em caso de suspeita de febre hemorrágica.

“Se a dor de cabeça for acompanhada de febre, atualmente com essa epidemia, tem de pensar em dengue e procurar alternativas com outros analgésicos, como dipirona e paracetamol”, recomenda Dário Sobral.

Além dos riscos da dengue hemorrágica para pacientes cardíacos, os cardiologistas deverão discutir os perigos da doença para o coração.

Segundo Sobral, já foram observados casos “isolados” de miocardite (inflamação do miocárdio) e arritmia cardíaca desenvolvidos em decorrência da dengue.



ELDER CARVALHO

1M - 2008.1

Um comentário:

Saúde ao alcance de TODOS! Medicina UPE turma 90 disse...

Isso serve pra reforçar a importância do combate ao problema. Como já foi dito, não basta se investir na propaganda. Elas já existem, mas não estão impedindo que a história se repita. É preciso repensar o foco para que sejamos bem sucedidos na campanha. Não podemos deixar que esses surtos de dengue se repitam a cada inverno, muito menos que o número de casos da dengue hemorrágica aumente.

Lina Machado - 1M 2008.1